quarta-feira, 5 de março de 2008

“Caldo entornado” entre PS e PSD

Reunião do executivo municipal marcada pelo abandono dos vereadores da oposição

Milena Matos

O “caldo está entornado” entre o PS e o PSD de Viana do Castelo. A última reunião do executivo municipal ficou marcada pela troca de argumentos “azeda”, culminando no abandono da reunião por parte dos vereadores “laranjas”.

Um “fait-divers” considerou o presidente da Câmara Municipal, Defensor Moura salientando a sua convicção de que "iriam sempre votar contra ou abandonar a sala". Uma “Vergonha” e com “tiques de totalitarismo”, foi como o líder da concelhia do PSD, e agora também vereador, António Proença Amaral, classificou a reunião.
O primeiro momento “quente” deu-se com a aprovação de um voto de repúdio pelo "alarmismo irresponsável e leviano" lançado pelo PSD local a propósito do alegado clima de insegurança na cidade e no concelho.
Tratou-se de um "infeliz alarmismo, que pode desincentivar as pessoas de fora do concelho a escolher Viana do Castelo para passear, comer ou fazer compras, porque ninguém quer correr o risco de ser roubado ou até baleado, como anuncia o pregoeiro da desgraça, lia-se no documento aprovado na reunião de câmara”.
Em causa está para Defensor Moura, uma reunião de urgência, convocada pela concelhia social-democrata, face ao "vandalismo e banditismo" na cidade. “O PSD na sua luta política, não olha a meios nem respeita o bom-nome da cidade e dos vianenses", acusou o autarca no voto de repúdio.
"É evidente que há criminalidade e acidentes em Viana, mas felizmente nada que se compare a outras cidades do país e, principalmente, que se possa assemelhar a ondas de vandalismo e banditismo, como se estivéssemos numa favela, que os irresponsáveis e levianos alarmistas observam nos seus serões culturais a ver telenovelas". Saliente-se que 0 PSD de Viana do Castelo defendeu, em comunicado, a elaboração de um programa de acção de combate ao vandalismo e banditismo para travar o "flagelo de insegurança" no concelho e, posteriormente, reuniu com o Comando Distrital da PSP e, no final, o presidente daquela estrutura partidária, António Proença Amaral, confessou que saiu da reunião com "um sentimento de conforto muito grande" em relação à questão da segurança na cidade. No entanto o PSD considerou ser necessário tomar medidas para prevenir algumas ondas de assaltos, como a instalação, no Centro Histórico, de videovigilância e de mecos hidráulicos e o reforço da iluminação pública.
Defensor Moura mostrou-se convicto de que os vianenses "não ligaram ao alarme, não só porque vindo de quem vem não merece qualquer crédito, porque é só mais uma história do Burro do PSD, em tempos exibido na estrada da Areosa, mas também porque quem anda nas ruas da cidade, dia e noite, não se apercebe dos vândalos nem dos bandidos".
Os vereadores do PSD abandonaram a sala no momento da votação. Segundo António Amaral, lider da concelhia do PSD esta atitude deveu-se “à linguagem utilizada na redacção do documento que foi grotesca e reflexo de falta de ética, até mesmo uma ofensa para o comando da PSP”, como justificou. Na reunião o PSD chegou a propor um voto de louvor para o comando da PSP de Viana do castelo,”pelo excelente trabalho desempenhado na área de segurança”, em substituição do voto de confiança, também proposto pelo PS. Defensor Moura, presidente da autarquia rejeitou a proposta apelidando o acto de "hipócrita".
O PSD acabaria também por não votar a proposta de revisão do Plano Director Municipal (PDM) que assim acabaria por ser viabilizada apenas com os votos socialistas. O PSD acusou o facto “do prazo atribuído pela autarquia para apreciação do documento ter sido de cinco dias” manifestamente insuficiente para avaliar um documento desta importância: “o prazo concedido à oposição é inviável para análise da proposta pois teríamos de apreciar documentos contidos em 40 pastas, além do regulamento e das respostas dadas a questões levantadas pelos munícipes, o que é manifestamente impossível", considerou António Proença Amaral.
O abandono da sala de reunião na altura das votações "não se tratou da confirmação de uma ameaça, como chegou a ser dito, porque o PSD não gere as suas acções políticas por ameaças, mas por convicções e princípios”, assegurou o lidero social-democrata que afirmou ainda que “Vergonha é a única palavra que consigo encontrar para definir a forma como decorreu esta reunião, que foi marcada por tiques de totalitarismo e prepotência", por parte do autarca vianense.
Defensor Moura contestou e considerou o acto da oposição um “fait-divers”. “Este é um documento que está a ser discutido há uma década. Como é que se pode argumentar que se desconhece um documento que está em discussão há tanto tempo?", questionou o edil que relembrou que a revisão proposta do PDM "foi o resultado de inúmeras reuniões, com diversas entidades, encontros esses onde o PSD esteve sempre representado".
A proposta será apreciada e sujeita a votação na próxima Assembleia Municipal, no próximo dia 29.

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